quinta-feira, 31 de maio de 2012

Conversas com Deus


Mal ou bem, nunca se virou contra Deus. Nunca lhe chamou nomes, nunca lhe gritou de raiva, nunca se revoltou, nunca deixou de acreditar nele. Nem quando ele lhe levou o seu Amor, nem alguns anos depois, quando lhe levou a sua Mãe.
Mas agora, tantos anos depois, num ou outro momento do dia, havia um pensamento que se fazia ouvir. Durava apenas uma fração de segundo, mas ainda assim fazia-se ouvir: sou eu que não te percebo, ou será que não passas de um sacana de merda?

domingo, 18 de março de 2012

Sabes...

Sabes… vou-te dizer algo que nunca te disse… vou-te sussurrar a verdade que tanto procuras, a verdade que sabemos não consegues suportar, mas que pedes insistentemente. Sabes porque me irrito contigo? Sabes porque me irrito quanto me tocas, quando sussurras o meu nome num suspiro junto ao meu ouvido?  Porque me lembras que não és ela, porque me lembras que não é o toque dela mas sim o teu que se enreda no meu pescoço, porque é a tua voz e não a dela que tenta chegar até mim… e por isso nunca te vou conseguir perdoar. Será que consegues compreender porquê? É doentio, eu sei… sei bem demais… mas é a verdade, e a verdade é o que me pediste quando me olhaste nos olhos naquela meia tarde de calor e frio: o teu calor, o meu frio. O teu toque, o meu afastamento. A tua paixão, a minha raiva… não és tu, por ti, percebes? És tu no que me lembras que não és, és tu naquilo que não és ela… e isso, por si só, é tudo o que basta para me irritar, para me afastar de ti, para me fazer gelar face ao toque da tua mão. Porque tu não és ela, porque nunca ninguém será como ela, e é por isso, precisamente por isso, que eu não sei mais por onde caminhar.  Tivesse eu outra força, tivesse eu outra pele, e deixar-me-ia levar por ti, pela tua paixão, e talvez até conseguisse esquecer, por um momento, por uma noite, por um mês… mas não mais do que isso… porque eu nunca consigo esquecer por muito tempo, percebes? Porque não há maneira de eu ser tua, porque eu serei sempre dela, percebes?

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Love isn’t good unless it’s me and you

Eram quatro da manhã, aquela hora a que a insónia ganha mais forças e se ergue sobre braços feitos de ferro. Irrequieta, incapaz de suster a sua própria respiração, inclina-se sobre o único sítio que lhe parecia seguro. Uma caixa vermelha, na mesa de cabeceira, aquela caixa que quase mais ninguém conhecia. Abriu a gaveta, abriu a caixa, a aliança de sempre, com o brilho de sempre. Coloca-a no dedo, suspira um pouco mais fundo, o ar sabe-lhe a pouco, mas aquela aliança consegue sempre dar-lhe a paz que, mais não seja por um instante, afasta o aperto que lhe tira o sono. Fecha os olhos e entrega-se a um longo suspiro que diz tudo aquilo que as palavras não conseguem conter…  E finalmente consegue dormir…

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Here we go again...

So I'll come by and see you again
I'll be just a very good friend
Have mercy on my soul
I will never let you know
Where my mind has been
...
I will not look upon your face
I will not touch upon your grace
Your ecclesiastic skin
...
If I whisper they will know
I'll just turn around and go
You will never know my sin


sábado, 28 de janeiro de 2012