domingo, 10 de janeiro de 2010

Camus revisitado

Ontem, embalada por uma excelente conversa com uma amiga, daquelas conversas que sabemos que ficam guardadas no baú das memórias boas, veio ao de cima uma outra memória – esta já não sei qualificar, se como sendo boa, ou má, ou assim-assim.

Há coisa de um mês resolvi revisitar Camus, parecia que me estava a chamar cada vez que passava frente à estante do corredor. Peguei nele, folheei e voltei a ler passagens sempre familiares, ainda que não lidas desde 2000. Pelo meio, encontrei um papel com um número de telefone e um nome - daqueles que nos arrepiam por dentro. Ora porque deu vontade de ligar, ora porque o tempo é cretino e distorce a memória, ora porque, por mais anos que passem, há sempre pessoas que nos fazem bater o coração como se tivéssemos 16 anos – nem que seja só a ler o seu nome num velho pedaço de papel….
Fechei o livro e deixei por lá o papel, tal qual como o encontrei. Vá-se lá saber porquê, achei por bem pô-lo na página 131: “E era como se batesse quatro breves pancadas, à porta da desgraça.”
Há portas onde é melhor não bater…

2 comentários:

  1. Adorei este teu post, acho que tens toda a razão. Feliz ou infelizmente todos nós à medida que o tempo vai passando vamos revisitando pessoas, umas mais fáceis, outras menos...

    O que normalmente me acontece é que eu tenho lugares e bandas sonoras para determinadas pessoas, quando uma ou outra acontece é calmito, "bate" realmente forte quando uma musica começa a tocar e eu estou num desses lugares... e aí... aí custa, aí é difícil avançar, aí é muito difícil não olhar para trás e tentar ver o que perdemos... ainda que só na nossa imaginação aquilo fosse verdade... é difícil avançar.

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  2. Sim, tens razão, a banda sonora "mental" é peça chave nestas revisitações!

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